Friday, September 26, 2008

Intensos, belos e mortais


E no fim tudo vira lembrança. saudade abafada. sentir profundo.
E eu lembro de você como se fosse ontem aquela tarde morna em que eu te amei e te odiei ao mesmo tempo.
Tarde em que o tempo foi a palavra chave para aquele canto desesperado de meias palavras e palavras inteiras que demos.
Eu me fui eu naquele instante, me vi tão nua em meio ao caos que hoje me intimido ao lembrar.
A noite foi fria, foi cortante, foi desesperadora, e eu te quis ferozmente.
Hoje eu estou aqui, e ainda ouço aquela música que não era do meu tempo, nem do seu, mas acabou ficando do nosso.
E você agora não passa de um romance, como tantos outros...
Intensos, belos e mortais.

Monday, August 11, 2008

do meu cheiro de pimenta-rosa e o seu conhaque


Eu estava pensando em você quando ele ligou.
a tarde está como naquelas tardes de sábado ou domingo em que o céu azul-das-18-horas olhava a gente se se olhando deitados na cama.
o vento era leve e se misturava com o cheiro do meu perfume de pimenta-rosa e o conhaque que você bebeu, me ofereceu e eu não quis. E agora esse cheiro-lembrança passa lentamente para ele por extensão, descuido da minha saudade que deixou esse perfume se espalhar pelos meus passos enquanto eu atendia o telefone.
Mas ele, ele não tem esse cheiro, e transpor-lhe essa condição eu não aguento.
você sim. você é todo dor, amor, sentimentos visserais que me consomem e eu já me acostumei. eu já autorizei.
mas ele é um outro caos, com efeito mais líquido que gasoso como você, que me deixava em náusea, quando lá pelas tantas me levava para onde eu deveria ir com um beijo e um tchau que eu nunca sabia se seria para sempre ou não.

Monday, July 17, 2006

Nascimento.


Sopros distantes anunciam a chegada...
O Universo não se resume mais em um único ponto de luz.
Os planetas estão soltos, e ironicamente alinhados. Desconheço o ritmo de sua valsa.
Enquanto expressam a arte da dança Universal, tecem cores que dão vida à todo ser inanimado.
E o presente é dado, e opto por aceitar : a dádiva de pertencer à espécie Humana.
Mas sem possibilidade de escolha, sei de minha condição: carne.
A carne que sente as dores quando ferida.
O corpo que sente fome e vontade de comer.
O Ser-Humano, em sua plenitude também caótica.
E alimento sem saber, a necessidade de trilhar o caminho de mãos dadas não somente com meu silêncio, mas com silêncios alheios, que após algum tempo, cansam de trabalhar calados e passam a compartilhar palavras.
Mas a rotação permanece na essência do Eu, e em uma relação quase enigmática...


Explosão!
Orgasmo mental!
Nasce o filho: retalhos de mim.